Nos últimos dias tem vindo a lume o novo programa de reestruturação do ensino, que prevê fechar todas as escolas do ensino básico que tenham menos de 21 alunos.
E isto vem, mais uma vez, mostrar a razão de muitos, mas mesmo muitos dos nossos problemas estruturais: a falta de planeamento urbano.
Ao viajar por Portugal, na actualidade, percebe-se claramente que existe uma forte densidade populacional junto do litoral, em especial a norte, com pequenas cidades e vilas em contínuo desde Aveiro a Braga.
À primeira vista até parece muito interessante haver cidadezinhas de 10.000 a 20.000 habitantes. Mas, o problema é que uma cidade assim não tem dimensão para poder oferecer as condições de vida que a sociedade urbana moderna exige - boas escolas, transportes públicos, hospitais, bibliotecas, boas áreas comerciais, boas áreas de lazer e desporto...
O facto de todos querermos o nosso hospital, a nossa escola, biblioteca ou piscina faz com que os recursos sejam dispersos por poucos utilizadores, empobrecendo o país e deixando toda a gente "assim assim", nem bem nem mal. Assim que o ser humano deixou de ser nómada estabeleceu comunidades, pequenas aldeias, depois vilas e mais tarde núcleos urbanos mais densos, mas não se dispersou. A dispersão urbana parece ser uma ideia pouco racional de ordenamento, causadora de empobrecimento e condições de vida invariavelmente insatisfatórias. Os portugueses parecem todos exigir o seu canto, sem perceber muito bem quais serão as consequências. Talvez isso faça de nós um povo especial, um país especial, mas com um preço a pagar.
Eu não percebo nada de planeamento urbano ou ordenamento do território, apenas escrevo acerca do que vou vendo. E a mim vejo um país pobre, dependente e estruturalmente frágil e encontro uma razão: dispersão territorial da população.
Aceitam-se opiniões. ;)
Sem comentários:
Enviar um comentário