16.2.12

O registo de ponto

O que eu vou escrever é tão bonito, mas "a realidade não é bem assim" diriam alguns dos meus amigos e quase todos os portugueses.
Há pouquíssimo tempo fiz uma visita a um cliente e reparei que o bom homem, na sua ânsia de modernizar a empresa, tinha comprado um sistema de registo de ponto por impressão digital.
Uau! Exclamei eu.
Agora já ninguém foge da linha!

Da linha literalmente, porque os registos de ponto, os relógios, os dias de trabalho, os fins-de-semana, os feriados e as férias são invenções de uma economia baseada na linha de produção, em que uma pessoa não é mais que uma roda da engrenagem. Se saltar fora ou ficar lenta tem de ser substituída ou então a linha pára.
O ser humano foi, mas tem de deixar de ser comparado a uma peça de engrenagem.
O que adianta ser uma peça de engrenagem bem polida e oleada cheia de vontade de contribuir quando depende da velocidade que lhe é transmitida?

Sim, o sistema de ensino é uma linha de produção. E vai acabar como o conhecemos.
Sim, o sistema de saúde é uma linha de produção. E vai acabar como o conhecemos.
Sim, a justiça é uma linha de produção. E vai acabar como a conhecemos.
Sim, existem muitas empresas e negócios que já não são organizados como uma linha de produção. E querem saber uma coisa? São esses que estão a crescer.

Estranho? Nada disso. Esta realidade que agora termina existe há muito pouco tempo (em Portugal, só depois da I Grande Guerra), o tempo necessário para que alguns de nós pudessem enriquecer e ganhar poder de forma desmesurada.

"Pois, mas a realidade não é bem assim."
E tu, tens coragem para mudar a tua realidade?

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