3.7.10

Nota 20!

Aos 7 anos: então, quantos Muito Bons tiveste?
Aos 12: olá! As notas? Quantos 5 tiveste?
Aos 17: então e as provas específicas? Preparado? Que média precisas para entrar no curso?
E na universidade continua o ritmo de trabalho em busca da nota. O 9,5 na frequência é o mínimo, e entre os que trabalham para a nota máxima e os que bebem uns copos contentando-se com o 9,5 o plano de acção continua a ser baseado em quê? Notas, notas, notas!
Os problemas surgem quando todas estas gerações formadas para a nota, para cumprir planos traçados, para não fugir das regras estabelecidas são sujeitos a problemas que têm de ser resolvidos e com os quais nunca lidaram.
Sem espírito crítico, sem capacidade de busca de soluções, sem desenvoltura para ver os problemas por outra perspectiva acabam por se submeter a decisões, opiniões ou imposições que, no limite, nos levaram à situação em que estamos: uma sociedade deprimida, à espera que alguém de fora nos mostre o caminho, nos dê as lições de que temos saudade e que nos recordam os bons momentos académicos, em que mais jovens apenas tínhamos de seguir o que nos livros era escrito ou mecanizar exercícios à exaustão, raramente percebendo para que serviam.
O pensamento criativo, a busca de soluções alternativas, a coragem de as testar, de as aplicar é o único segredo para o sucesso individual ou de uma sociedade que, como a nossa continua atascada no lodo depressor da falta de liderança, que dura há já vários séculos.

1 comentário:

Sílvia Silva disse...

como concordo com as tuas palavras! no entanto não atribuo à educação académica toda a responsabilidade. a forma como estas coisas são vistas e tratadas no seio das famílias também é muito relevante. ninguém dá valor ao miúdo que sabe concertar a bicicleta ou que aprende sozinho uma linguagem de programação. todos atribuem às notas e aos cursos superiores o que é necessário para se ter sucesso na vida. e nós já sabemos tão bem que nada é assim, não é? pois cabe-nos agora a nós, população activa, jovens pais e cabeças pensadoras, mudar o rumo das coisas, nem que para isso sejamos vistos como os outsiders ou aqueles que não tiveram "sucesso" nas suas profissões...é um caminho bem mais sinuoso do que o dos outros, mas tão mais interessante:D