13.8.12

Olimpismo e arcas de chá

Terminou ontem a edição dos Jogos Olímpicos de Londres. Por cá muito se falou da participação portuguesa, das desilusões e das surpresas inesperadas.
Já não pude acompanhar estes jogos como os de Barcelona em 92, mas aquilo que ficou destes quinze dias, para mim, foi uma excelente participação portuguesa, com a presença de vários atletas com resultados muito bons na canoagem, no remo, na vela, no hipismo, no ténis de mesa, no tiro, no triatlo ou no atletistmo.
Foram resultados que colocaram o nosso país entre os melhores do mundo, venderam bem caras as derrotas e dignificaram as cores do nosso país. Mais que isso, Portugal esteve presente em duas finais de importantes competições olímpicas. A final do torneio olímpico de Ténis entre Murray e Federer foi dirigida pelo árbitro português Carlos Ramos. Mas também a final do torneio olímpico de Voleibol de Praia, entre as duplas Alemã e Brasileira foi dirigida pelo árbitro português Rui Carvalho. Surpreendente, não é?!
Nós somos bons, tivemos uma muito boa participação em Londres e a nossa "medalhita", que significa apenas uma medalha para pouco mais de 10 milhões de habitantes, nos coloca à frente das 87 medalhas conquistadas pela China (1 medalha para mais de 15 milhões de habitantes) - ver aqui a análise per capita.

Mas aquilo que mais gostei nestas olimpíadas foi a afirmação (talvez houvesse muita gente esquecida) da multiculturalidade da Europa, da nossa forma de ser, da forma como respeitamos as outras culturas, como as integramos, como as aceitamos entre nós e como nos adaptamos integrando os traços culturais de outros povos, tornando-os também nossos. O respeito pelo próximo, pelas suas liberdades, pelos seus direitos são valores europeus infinitamente superiores a avaliações económicas, resgates ou tentativas de nos "pôr na ordem". Somos o que somos, e como somos porque dentro deste pequeno continente somos todos diferentes.

E pensar que aquela ilha foi civilizada à conta de uma arca de chá da nossa infanta Catarina de Bragança, que foi rainha de Inglaterra!

Se um inglês ao passar me olhar com desdém,
Num sorriso de dó eu pensarei: - Pois bem!
Se tens agora o mar e a tua esquadra ingente,
Fui eu que te ensinei a nadar, simplesmente.
Se nas índias flutua essa bandeira inglesa,
Fui eu que t'as cedi num dote de princesa.
E para te ensinar a ser correcto já,
Coloquei-te na mão a xícara de chá.
Afonso Lopes Vieira

E agora o Rio de Janeiro!
Pela primeira vez os Jogos Olímpicos falam português.
Desta vez eles são mesmo nossos!
Aquele abraço!

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